quinta-feira, 22 de maio de 2008

DIA 5 - MONTANHA E O CHURRASCO DE DOIS KG...

DIA 5 - MONTANHA E O CHURRASCO DE DOIS QUILOS

Dia curto, post longo... :-D
Como terminamos o dia mais cedo hoje, conforme programado ontem, sobrou tempo pra escrever o posto com mais calma. O dia começou tarde e tenso. Céu cinza e muito vento na saída de Elk City. Como ainda estávamos na região dos tornados, ficamos um pouco apreensivos com o que nos aguardava pelo caminho, pois apesar das brincadeiras de que seria divertido tirar uma foto com as motos alinhadas e um tornado ao fundo, é óbvio que na prática não seria nada agradável cruzar com um bicho destes pelo caminho. Mas felizmente, poucas milhas após a saída de Elk City o tempo abriu e pilotamos em céu de brigadeiro.

A paisagem hoje, nas cerca de 180 milhas percorridas continuou bastante parecida com a de ontem, predominantemente rural, apenas com a já baixa umidade relativa do ar fazendo-se mais presente e com a chegada de um companheiro que já era aguardado e hoje finalmente deu o ar da graça: o vento! Tivemos ventos laterais bastante intensos, em alguns momentos chegando a lembrar aqueles que encaramos nas planícies da patagônia e que colocam a moto de lado. Mas todos se saíram muito bem! Aliás, ontem me esqueci de comentar que mais uma vez tivemos um pequeno trecho de rípio/cascalho, e mais uma vez, todas as motos e respectivos pilotos comportaram-se com galhardia!

Na fronteira de Oklahoma com o Texas, tivemos a oportunidade de conhecer algo que, não sei bem porque razão, ocupa meu imaginário desde criança: uma autêntica cidade fantasma. Trata-se de Texola, ainda em Oklahoma. Está tudo lá! O posto de gasolina, o mercadinho, o armazém, as casas, a oficina... só que tudo abandonado e poeticamente corroído pelo tempo e pela poeira. É curioso imaginar como foi aquela cidade quando de fato habitada e ver todo aquele conjunto de edificações abandonado e sem vida. Visitamos uma cadeia (ou talvez o correto fosse dizer uma mini-cadeia, já que se trata de apenas uma cela) da década de 1910. Dentro, fotos de enforcados e mortos, histórias escritas sobre criminosos famosos que rondaram a região (inclusive Bonnie and Clyde) e a informação de que do outro lado da rua era possível comprar chapéus de cowboy por apenas 7 dólares! E, do outro lado da rua, uma casa deteriorada, dois cachorros, toda sorte de quinquilharia espalhada pelo quintal e uma placa onde se lia “handmade artcraf”. Certamente, um dos últimos (se não o último) moradores de Texola que ainda tenta resistir ao progresso e ao abandono e, romanticamente, tenta encontrar um meio de subsistir e manter viva a memória de Texola... Ao voltar par AA estrada, encontramos outro americano cruzando a Rota até Las Vegas e dois suíços, também fazendo a rota, os quais já tínhamos encontrado ontem quando paramos pra almoçar.

Hoje, a exemplo dos dias anteriores e provavelmente de todos os dias até o final da viagem, continuamos empreendendo nossa “Caça à Route 66”. Como a estrada não existe mais oficialmente, os mapas não a mostram e em vários e longos trechos, ela simplesmente desaparece. O mapa que estamos usando no GPS prefere recomendar o uso das Interestates. Mas nós, desenvolvemos uma certa ojeriza a estas estradas, pois elas são demasiadamente “pasteurizadas”, sem paisagem, sem atrativos, feitas para se andar em alta velocidade, o que definitivamente não é o espírito desta viagem. Assim, frequentemente nos vemos tentando “adivinhar” a Rota, numa autêntica caçada. E essa estratégia tem nos trazido boas surpresas, com trechos de estrada ermos e belíssimos!

Próximo a Amarillo, passamos por outras duas “atrações” da Rota, uma cruz gigante fincada na beira da estrada e a “Torre de Pisa” da 66, que nada mais é do que um reservatório de água que tem uma “perna” menor que as outras e, dessa forma, fica inclinada.

Hoje, quando comecei a escrever o blog, quase iniciei dizendo que estávamos preocupados, porque hoje era dia ímpar... e até aqui, o Carlão havia desenvolvido um padrão, sabiamente identificado pelo Rodrigão, de tombos nos dias ímpares... :-D Mas pra não parecer mau agouro, resolvi deixar pra lá... pois bem... o padrão realmente parece se consolidar... hehehehehe... sim, caríssimos!!!! O Carlão comprou outro terreno!!!!! Foi pro chão outra vez!!!!! O Rodrigão já ta recomendando que ele compre de uma vez a moto e despache pro Brasil porque a Eagle Rider não vai querer a bichinha de novo... (sacanagens a parte, quero deixar claro que os “tombos” do Carlão – todos os três – aconteceram manobrando a moto e não foram mais do que “largar” a moto no chão, sem qualquer risco à integridade dele ou da moto, em situações em que ele estava parado... é importante ressaltar isso porque não queremos que sua família se preocupe, porque não há nenhuma razão pra isso... queremos apenas que os amigos o sacaneiem quando ele voltar... hehehehe).

E agora, chegamos ao gran finale para o dia. O churrasco de dois quilos!!!! Carlão disse que ia topar a parada e realmente topou! O lugar onde isto acontece, por si só, é uma atração. Um autêntico saloon, com cabeça de tudo que é bicho empalhado, excelente comida e no centro do salão, uma espécie de palco, alto, com uma mesa e um cronômetro gigantesco para aqueles que se aventuram a encarar o desafio. Na entrada, um quadro do “hall of fame” com os nomes dos que conseguiram comer o churrasco-monstro. Logo que chegamos, um gordinho (gordinho é figura de linguagem, era um monstro dum cara com uma pança descomunal...) começou a encarar o desafio. Um garçom sobe ao palco, faz um carnaval, diz as regras da bagaça, pede aplausos pra criatura que vai começar a comer e solta o cronômetro. O gordinho monstro conseguiu comer TODA a carne (verdadeiramente impressionante...) e só perdeu porque deixou de fora da pança meia batata cozida e um pão (sim, além da carne, ainda tem que mandar uma salada, um pão, uma batata cozida e, a cereja do bolo, 3 camarões fritos... bizarro). E então, finalmente, lá foi o nosso Montanha... Começou animal, devorando a salada, triturando a carne, engolindo os camarões inteiros... comeu, comeu, comeu.... e comeu, comeu, comeu... e comeu, comeu, comeu (sim, tem que comer tudo isso mesmo, porque é uma imbecilidade o tamanho do steak... pra ter uma idéia, eu comi um steak de 16 oz que me deixou bastante cheio... Carlão comeu um de 20 oz e saiu de lá quadrado... o steak em questão pesa 72 oz!!!!!!!!). E assim foi, nos primeiros 30 minutos... mas não teve jeito... nosso Montanha foi derrotado pelo steak-monstro, mas perdeu de cabeça erguida, com todo nosso apoio, suporte e admiração! No final, o garçom trouxe uma quentinha pra ele embalar o que sobrou, mas ele, galantemente, recusou...

Por hoje é só! Amanhã saímos cedo e vamos tentar chegar a Albuquerque. Temos, logo de saída, o Cadillac Ranch, que como fica na saída de Amarillo, deixamos pro dia seguinte. Tá na hora da Bud...

Hugs for all!!!!!!

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